Escondo o tronco no sudário de escamas Espreito as montras com olhar de mendigo Recalco mais um embrulho perdido, expressão da vida inerte Cadáver vivo enxuto ao vento Medito o fresco sussurro, que rompeu tímpanos Esganando a ambição das palavras ritmadas Ressono o lânguido sopro vespertino Que se expressa, ocupando-me alhures em trepadeiras de ilusão Estrofes sem abrigo Nas fissuras escanzeladas do sonho proíbido Escondo o tronco no sudário de escamas Amarelecido empoleiro-me Inaugurando paisagens, cobertas pelo orvalho Que mancha os campos de inverno Trémulamente, rasgo o pessimismo E pontapeio a dôr, no abandono das palavras