Vou cantar ao jeito antigo Um corrido do passado Vamos lá ver se consigo Dar-lhe alma e corpo de fado Vamos lá ver se consigo Dar-lhe alma e corpo de fado Como aprendi, assim faço Meu mestre assim me ensinou Desatar a voz do laço Do medo que me amarrou Genuíno, como sou E sem temer o perigo No estilar em que me digo Nada, de certo, garanto Na minha forma de canto Vou cantar ao jeito antigo Não cuidem que isto é correr É cadência ritmada Que às vezes sai soluçada Mesmo que seja sem querer Não é por muito saber Por muito ou pouco letrado É por sentir tal agrado Neste poema, ao meu jeito Por deixar sair do peito Um corrido do passado Memórias que me deixaram Antigas vozes que ouvi Meu coração abraçaram E moram agora aqui Não foi tempo que perdi Dando ao fado terno abrigo Traze-lo sempre comigo Foi bem maior que ganhei Se bem o canto não sei Vamos lá ver se consigo Há quem lhe aponte um renovo Pra nos levar em enganos Quem tem uns duzentos anos Como é que pode ser novo? Não vás em cantigas povo Assim nos reza o ditado Mas eu, não sou só passado Sou verso futuro, audaz Vamos ver se sou capaz Dar-lhe alma e corpo de fado Vamos ver se sou capaz Dar-lhe alma e corpo de fado