Há tantas coisas na vida que me deixam a pensar Umas sobre mim, outras sobre este lugar Sinto a falta de estar solta e vejo a vida à minha volta Mas 'tou envolta na revolta, presa na minha própria escolta Mantenho-me inconstante, eu sou paradoxal Finjo ser brilhante, mas sou um animal Tenho os ouvidos a sangrar, isso bem parece De tanto ouvir falar, isso nem parece Cresce e aparece, esmorece e apodrece Deixеm-me ser só aquilo que mе apetece O ser humano queria, o ser humano quer O ser humano cria, dê por onde der E o que eu também queria era poder viver Puta, preta, branca, homem, fufa ou mulher (Puta, preta, branca, homem, fufa ou mulher) Como a mulher que sou, como a mulher que sou Será que sou? ♪ Como a mulher que sou, como a mulher que sou Não é uma opção, aceita a condição Por mim está tudo bem até que alguém morra no chão Porque não conseguiu viver sem respirar Porque alguém decidiu que neste mundo não tinha lugar Tive a sorte de ser branca, o azar de ser mulher A fortuna de ser pobre e não me deixar corromper Mas eu nem queria ser nada, vim sem qualquer coordenada Agora que estou não me vou, agora a questão é se me vou Há tantas coisas na vida que me deixam a pensar Se mereço cá estar, se mereço respirar Isso nem parece, isso bem parece Cresce e aparece, esmorece e apodrece E o que eu também queria era poder viver Puta, preta, branca, homem, fufa ou mulher Já dizia a minha avó antes de morrer O que custa não é viver, é saber viver