Esta noite vi a porta do quarto a abrir sozinha E eu não acredito em espíritos, Então resta-me aceitar que estou a variar da pinha. Escreve o que eu digo, Antes destes episódios serem norma, hei-de dar o nó na corda. Beija a minha pele morta. Engole o sapo e coroa-me a carcaça. Inglória vénia ao novo rei-cadáver. Bastarda justiça poética. Trasladação para túmulo em praça pública, Numa clara póstuma homenagem cínica dessa fisgada escória. Eu não pertenço à corja de ignorantes, Só que a suposta escola intelectualóide enoja-me. Marcho contra o cor-de-rosa. Conheço a derrota pela alvorada mas, quando o sol morre, o monstro mostra-se. Mãe, estou mal na escola. A malta goza quando as minhas órbitas ganham espinhos de dentro da carne para fora. – Ignora, filho. Ter um demónio interior está na moda. Asas a sair das costas é perfeitamente normal, agora. São os noventas. – E eu a moldar uma alma torta, Vidrado na música de ódio que o meu irmão mais velho me mostra. Agora ó para mim, de cara escondida atrás da gola do casaco. Figura esguia, na noite fria, acampado à porta. Tão hipócrita. Declaro que nada importa enquanto estendo as mãos às nuvens, Em súplica, à espera que do céu caiam notas. Sai um vodka, para a solitária celebração. Não sou nenhum napoleão, não tenho tropas. Entendo tanto de armas como de motas. Não sou dono da resposta para "a que horas dá hoje a bola". Sempre fui o que ficou de fora. Nunca soube como se joga. Mas sei dedilhar um clitóris que nem um Paredes na guitarra E também não sei como se toca.