Como eu adoro estes serões a falar acerca de episódios do quotidiano. Porque eu gosto de me identificar com o meu ouvinte. Por exemplo, que atire a primeira pedra, quem nunca pensou: Eu estou a fazer história enquanto carrego o fardo de negar tudo aquilo que a história me ensinou até agora, como Darwin. Iniciarei a matança pela minha causa, ao estilo de uma jornalista em início de carreira ou do Ché Guevara. Último desejo: glorificação exagerada. Quero um filme e uma estátua. Se eu fizesse o pino, a arte ressuscitava e um urinol voltava a ser um urinol. Mas eu não sou um ginasta. Poupem-me o fogo-de-artifício a não ser que tenha o meu nome escrito. Vim para ser aquele que desliza livre, carboniza livros, ao perguntar: mas quem precisa disto? Inventar palavras? O que eu digo carnivoriza herbívoros. Motiva noviços. Estás sem ideias? Ó meu amigo, ó para mim a dispensar uns versos inspirativos. Tão indie. Escrevo a minha press release e falo de mim na terceira pessoa, tipo "não fui eu que disse isto". Só garganta, como um invertebrado. Noctívago devorador de gado, com uma fome dos diabos. Cada vez que o sol desce, mudo de forma e um ódio atroz cresce, converso com as paredes, como o John Nash. Eu preciso de uma bala de prata na cara antes da meia-noite ou então a minha pele das costas rasga-se para que eu mostre as asas. – Ya, eu curto Nerve mas às vezes ele fala umas cenas maradas. Preciso de ajuda. Há algum médico na casa? Doutor, estas mãos, à noite, ganham vida para criar as mais brilhantes e bizarras frases já alguma vez esgalhadas. E eu já não sei o que se passa. Alguns estranhos abordam-me e nem se identificam. Só chegam e dizem que se identificam. Sabes, é que eu fico a pensar por ti para puderes dizer que te tirei as palavras da boca. Grande coincidência. Temos tanta coisa em comum. Grande coincidência. É tão grande, a coincidência. Devíamos fazer qualquer coisa juntos. Temos tanta coisa em comum.