Já o tempo se habitua a 'tá alerta Não há luz que não resista a noite cega Já a rosa perde o cheiro e a cor vermelha Cai a flor da laranjeira, a cova incerta ♪ Água mole, água bendita, fresca serra Lava a língua, lava a lama, lava a guerra Já o tempo se acostuma à cova funda Já tem cama e sepultura, toda a terra Nem o voo do milhano ao vento leste Nem a rota da gaivota ao vento norte Nem toda a força do pano, todo o ano Quebra a proa do mais forte, nem a morte ♪ Já o mundo se não lembra de cantigas Tanta areia suja, tanta erva daninha A nenhuma porta aberta chega à lua Cai a flor da laranjeira, a cova incerta Nem o voo do milhano ao vento leste Nem a rota da gaivota ao vento norte Nem toda a força do pano, todo o ano Quebra a proa do mais forte, nem a morte ♪ Entre as vilas e as muralhas da moirama Sobre a espiga, sobre a palha que derrama Sobre as ondas, sobre a praia já o tempo Perde o riso, perde a fala, perde o amor Nem o voo do milhano ao vento leste Nem a rota da gaivota ao vento norte Nem toda a força do pano, todo o ano Quebra a proa do mais forte, nem a morte