Escola da bênção Sofres cansaço da vida Dissabores domésticos, deserção de amigos, falta de alguém Por isso, acordaste sem paciência, tentando esquecer Procuraste espetáculos públicos Que te não distraíram e usaste comprimidos repousantes Que não te anestesiaram o coração Entretanto, para teu reconforto, pelo menos uma vez por semana Sai de ti mesmo e busca na caridade a escola da bênção Em cada compartimento aprenderás diversas lições Ao contato daqueles que lêm na cartilha das dores que desconheces Surpreenderás o filme real da angústia no martírio silencioso Dos que jazem num catre de espinhos, sem se queixarem E a emocionante novela das mães sozinhas que ofertam, gemendo Aos filhinhos renascentes a concha do próprio seio como prato de lágrimas Fitarás homens tristes, suando penosamente por singela fatia de pão Como atletas perfeitos do sofrimento E os que disputam valorosamente com os animais Um lugar de repouso ao pé de ruínas em abandono Observarás, ainda mais Os paralíticos que sonham com a alegria de se arrastarem Os que se vestem de chagas, esfogueantes, suplicando um momento de alivio Os que choram mutilações trazidas do berço E os que vacilam desorientados, na noite total da loucura Ver-te-ás, então, consolado, e estendendo consolo, e, ajustado a ti mesmo Volverás ao conforto da própria casa, murmurando, feliz Obrigado, meu Deus