Confesso: tenho inveja de quem se basta pra viver Fosse eu assim não estaria a perguntar por quê Se deixar levar, seguir qualquer intuição Sem nem sequer desconfiar se é insensato ou não Por que sonhar é tão fingir? Por que se encorajar, pra que se permitir? Ainda que um dia o tempo vá esclarecer Dessa cortesia eu me recuso a ficar à mercê E não diga que um dia você vai me esclarecer Dessa cortesia eu me recuso a ficar à mercê Cruzei bem mais que meus próprios muros pra te ver Mal sei se foi convite seu ou se fui eu a me oferecer A ir onde for, tentar te entender, viver um mundo seu E ainda me pergunto em vão o que aconteceu Por que eu fui? Por que, deus, fiquei?! O que faço desse vazio, agora que voltei? Ainda que um dia o tempo vá esclarecer Dessa cortesia eu me recuso a ficar à mercê E não diga que um dia você vai me esclarecer Dessa cortesia eu me recuso a ficar à mercê Mas não, Era só dizer claro que não Pois é, Eu vi "sim" no que era "talvez" E nessa ânsia eu vou sem saber Se deixei escapar Ou se não passa de um mero palpite infeliz O princípio de toda ilusão