Eu ia contar. Eu juro que tentava não me esquivar, Mas toda hora a vida vinha sabotar, Me censurar em pausas. Tentei cantar O moço que arrebatava o meu olhar, Desde quando nossa vida era brincar Na rua da sua casa Que ficava atrás da minha, Sendo ponto de encontro Para inventarmos uma trilha Que levava um ao outro. E eu sei que aquela vida Caducou em tanto escombro Mas a mesma fantasia De amor é meu assombro... Desisti de contar. Eu acho que o menino estava a namorar, E um rapaz que conheci veio convidar Pra jantarmos a noite. "Mas devo, será?!" Pensei... "Se aquele vadio continua a me bagunçar? Eu juro, tento, mas não consigo me contentar Com essa friendzone" Que tinha estabelecido Quando não beijei sua boca No "verdade ou desafio". Dando a chance à outra moça. O tempo passa e eu desatino. Com esse vai e vem atoa. Já estávamos crescidos Então não quis mais dar de louca... - Pode falar? - Poder eu posso, eu só tô um pouco atrasado. - Então deixa pra lá! - Imagina... Eu também tenho uma coisa pra contar. - Vish! Já vai casar? ... diálogo... - Vou radiar - quer dizer - adiar - Certeza?. - Assim dá tempo de pensar e me arrumar. - Acho melhor, então, a gente se encontrar Na rua da sua (minha) casa. —— Fiquei à tarde inteira Expulsando os meus medos. Decorando alguns poemas E relembrando nosso enredo. Mas de noite não aparecera, Nem sequer por um torpedo Explicando a hora e meia De atraso... Agora sei lá O que aquele moço ia me contar. Se é papo furado ou se ele ia se declarar, Ou se ia deixar eu falar primeiro. Eu ia contar Um caminhão de coisas, Mas um outro, lá, Atravessou o seu caminho E não deixou Eu contar meu segredo... COMPOSIÇÃO: Rodrigo Magalhães