As câmeras filmavam tudo
Eu te abracei, amor
Meu coração tava mudo
Desesperança nos semblantes, doía
Quatro tiros na cabeça, o absurdo, a distopia
Pensei nas Marielles, no Brasil, nos nossos filhos
Onde foi que o trem dos sapiens desviou dos próprios trilhos?
A velha oligarquia, que meritocracia?
Grupos de extermínio e o vizinho te vigia
Homens armados espreitando tudo
Chorei, amor
Sentindo as dores do mundo
O obsceno do antropoceno, doía
Binário raciocínio, bem e mal, dicotomia
Esquerda, direita, polícia, bandido
Quando foi que essa loucura nos tirou o colorido?
A luta, a sina, a causa das mina
E o fascismo pavoroso querendo dobrar a esquina
Era riso, fez-se pranto
Fez-se noite o que era dia
Era um corre-corre fosco
Na base da covardia
Ah! Protege nosso canto
Nos protege, nosso guia
Isso não pode conosco
Não pode co'a poesia
♪
Pessoa é bicho que olha pro céu
O mundo é bom, amor
O ser humano, cruel
Crisis social, o masculino cai
Convulsão de informação e o mercado vai
Nos instigando a escalar a pirâmide social
Com cerca elétrica pro povo e green card pro capital
Cis, trans, branco, preto
Todos soterrados sob o mesmo teto
Borbulha o café, são cinco e quarenta
Penso na vida enquanto o fogo esquenta
A cafeteira italiana, o drama brasileiro
Nós aqui descalços pisando num formigueiro
As dores, amores, a tristeza, o dilema
Como é que a gente explica isso tudo num poema?
♪
Mas com força a gente segue indo
Porque o inverno, amor
É a primavera dormindo
♪
Era riso, fez-se pranto
Fez-se noite o que era dia
Era um corre-corre fosco
Na base da covardia
Ah! Protege nosso canto
Nos protege nosso guia
Isso não pode conosco
Não pode co'a poesia
Era riso, fez-se pranto
Fez-se noite o que era dia
Era um corre-corre fosco
Na base da covardia
Ah! Protege nosso canto
Nos protege nosso guia
Isso não pode conosco
Não pode co'a poesia
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