Eu não sei porquê Há incêndio dentro de cada janela e se vê Eu não sei porquê Este incêndio que arde dentro, come o corpo todo e a gente finge que não vê, Finge que não vê, finge que não vê... Mas por dentro arde, como não vai arder Se não minha terra não tem pra' comer Já quase creio que não tenho o direito de ser alguém Por isso arde Ter de dizer adeus Sem saber se o deserto me vai vencer Juntar os últimos sonhos com a roupa do corpo Partir por mim e pelos meus E afinal tem que haver algum deus Eu não sei porquê Há incêndio dentro de cada janela e se vê Eu não sei porquê Este incêndio que arde dentro, come o corpo todo e a gente finge que não vê, Finge que não vê, finge que não vê Mas por dentro arde, como não vai arder Se chegando no primeiro mundo Me sinto mais esquecido do que era no segundo Arde Carimbo de ilegal Preconceito racial Só por ter nascido mais ao sul Xe gente do primeiro mundo, pais da civilização Por não ter um papel acabei numa prisão Xe gente da terra inteira Queima o fogo da desilusão Este primeiro mundo é só de brincadeira Só de brincadeira, só de brincadeira E você finge que não vê Eu não sei porque Tens que entender que não há diferença entre nós A mesma essência Se a minha liberdade não existe A tua é só aparência É só aparência E você finge que não vê Eu não sei porque Primeiro mundo só de brincadeira Primeiro mundo só de brincadeira Só de brincadeira, só de brincadeira, só de brincadeira, só de brincadeira