Onde foi parar o grito Que esta voz um dia foi? Dissolveu-se no ruído Para cantar depois Dói no corpo o cansaço E o que não reconheço Quanto há, quanto sobrou Do que a vida levou? De onde veio este sussurro De onde veio este calor? Passa o tempo e ainda bate Aqui dentro um tambor Se não grita, se não brilha, se não vibra Ou se tu não dás valor A beleza não se esbate Ela muda de cor Passa o tempo, a gente esquece De fazer o luto daquilo que muda em nós É outro o corpo, é outra a estória e outra a voz Sossegadamente, outro dia amanhece Mas se a luz não reflete desta vez Ela brilha no avesso do caos e vira lucidez