Ela lava e passa Ela passa e lava Ela leva a incerteza, enxagua a tristeza num balde com água Ela cedo madruga E precisa de ajuda Mas não dá pra esperar e nem pode atrasar no busão pra labuta Chega quieta Vai embora calada Não mora na casa mas serve comida e roupa lavada Ela serve o almoço Mas não senta-se a mesa Faz seu prato solitário na cozinha e almoça sozinha Até parece novela O nucleo pobre da trama Ninguém pergunta onde mora Ninguém conhece seu drama Mas ela é muito bem paga Para cuidar dos meus filhos Só não tem tempo pro seus Mas isso também já não é problema meu Mas num belo dia, Maria fatou Sem nem avisar, não atendeu o celular, o patrão descontou. Onde já se viu? Nos deixar na mão O tanque tá cheio, a pia entupiu e tá sujo o fogão. Mas no almoço o jornal Que tragédia danada Dizia que a própria policia matara a mulher arrastada Coincidência terrível Era nossa empregada Lá se vai uma semana de comida pronta e roupa lavada. Até parece novela O núcleo pobre da trama Ninguém pergunta onde mora Ninguém conhece seu drama Mas ela é muito bem paga Para cuidar dos meus filhos Só não tem tempo pro seus Mas isso também já não é problema meu Até parece novela O núcleo pobre da trama Ninguém pergunta onde mora Ninguém conhece seu drama Mas ela é muito bem paga Para cuidar dos meus filhos Só não tem tempo pro seus Mas isso também já não é problema meu Até parece novela O núcleo pobre da trama Ninguém pergunta onde mora Ninguém conhece seu drama Mas ela é muito bem paga Para cuidar dos meus filhos Só não tem tempo pro seus Mas isso também já não é problema meu Até parece novela O núcleo pobre da trama Ninguém pergunta onde mora Ninguém conhece seu drama Mas ela é muito bem paga Para cuidar dos meus filhos Só não tem tempo pro seus Mas isso também já não é problema meu