Vi morrer um verso numa folha ignorado Vi nascer o vazio a cada poema calado Fiquei sem respirar, desamparado no chão A contar estrelas reflectidas numa estrada de alcatrão Sinto olhares da janela a somar cacos do que fora E esta soma negativa inspira gente lutadora Foco o pouco que ainda vejo, o que avisto não me agrada Vi crianças serem homens numa rua que se degrada O mundo não mudou, ainda condena quem tenta Vejo ganância e interesses benzidos com água-benta Vi o mundo a metade, tiro o chapéu e vejo o resto Nem viste metade do meu mundo e anuncias que eu não presto Enquanto pisas uma flor, há uma nova que germina Se não sabes para onde vais, esta rua não termina Ainda tenho o mesmo sonho, desde pequeno que me conforta Hei de voar em colorido até ser uma pessoa morta.