A liberdade cantou (no fundo de uma cela)
A malandragem voltou (a fina flor)
A rima ecoou
Nessa selva de pedra, carente de amor
Profecia poderosa, ideia mil grau
Quem desacreditou, a volta é triunfal
Nós tá pique Scarface, no topo do game
Zé povinho treme, os neguinho é crazy
Mais procurado que El Chapo
O sistema criou, eis o resultado
Capitalismo famigerado
Cria uma pá de revoltado
Era apenas dois neguinho vendo o sol nascer quadrado
Mas a palavra diz: quem foi humilhado será exaltado
Um bravo guerreiro com fé sempre alcança
Enquanto há vida, creia na mudança
509-E era nossa cela
O grito da favela, igual Nelson Mandela
Revolução, Malcolm X, Marighella
A arte da guerra
Sistema fabrica o bandido, depois joga atrás das grades
Comete a injustiça, a desigualdade
Sou a comunidade, Notorious Big, Tupac
Carandiru, maior presídio da América Latina
O guarda na muralha de AR-15 é bom de mira
Somos lenda viva do país das calças beje
Vulgo Afro X, ex-157, passei no teste
O réu que virou celebre
A liberdade cantou (no fundo de uma cela)
A malandragem voltou (a fina flor)
A rima ecoou
Nessa selva de pedra, carente de amor (carente de amor)
A liberdade cantou (agora é daqui pra frente)
A malandragem voltou (liberdade a todos)
A rima ecoou (que estão do outro lado da muralha)
Nessa selva de pedra, carente de amor
365 dias, 17
Essas horas dá saudade dos tempos de pivete
O bagulho é cadeia, pode ser sua sentença de morte
Pensamento é passaporte, você que escolhe
O que esperar de um presídio lotado
Condições sub humanas, sem estudo, sem trabalho
Quando eu recebia uma carta, a lágrima caia
Lembrava da coroa, dos meus filhos na visita
Só a família, lado a lado, nesse momento
Processo é lento, dor e sofrimento
Amigos são poucos B A D, conto nos dedos
A confiança é refém do estilo, sem ressentimento
Vacilão paga o preço, esse é o julgamento
Causa e efeito e o clima é tenso
Rebelião, tropa de choque
No Vietnã, romance, drama, Sidney Sheldon, se houver amanhã
Sociedade insana, entre o ódio e a vingança
Meu espírito de sobrevivência mantêm viva a esperança
Troquei a arma pelo mic, 20 anos depois nós aqui
Me libertei das algemas das muralhas de Berlim
Que estas palavras transformadoras (a liberdade cantou)
Desse movimento chamado hip-hop, rap (a malandragem voltou)
Possa edificar o teu eu coração (a rima ecoou)
509-E (nessa selva de pedra, carente de amor)
Lealdade e procedê
Respeito e atitude tem que prevalecer
Nessa vida já passei mó perrengue, pode crer
Mas só os fortes sobrevivem
Pra quem achou que a gente tava derrotado
Se enganou, malandro, sei que tava errado
Bonde é monstrão e os preto louco do ABC
Banca nervosa, manos de procedê
Nascemos pra vencer (nascemos pra vencer)
Malandragem é viver
Tá vivão o R A P
É o 509-E
A liberdade cantou
Demorou, bola pra frente, mano
Salve!
O grito dos excluídos
Pra você aí, atrás das grades
A esperança se renova a cada amanhecer
Fé em Deus!