Onde Quando Como Porquê ♪ Cantamos pessoas vivas ♪ Porque os ponteiros do tempo não pararam Nas torres das igrejas em ruína E avançam calados e discretos Um pouco para baixo, um pouco para cima Porque os ventos mudaram para sempre Apagando as pálidas imagens Dos mitos decadentes, belle époque Que fugiram para longínquas paragens ♪ Porque o sorriso voltou de novo ao rosto Daqueles que ficaram vigilantes Perfumando cidades e aldeias Que deixaram de ser como eram d'antes Também eu me sinto um homem novo No sangue que me corre pelas veias Porque o stress apagou todas as fontes Que agora me refrescam as ideias ♪ Como um raio de sol na porta entreaberta Como quem tem um filho pela primeira vez Como quem anda nu sobre a praia deserta Como quem pisa lama entre os dedos dos pés ♪ Como um poema de maio sobre o meu país Como quem dorme ao relento em pleno mês de agosto Como as linhas da vida na palma da mão São as coisas simples que me dão mais gosto São as coisas simples que me dão mais gosto ♪ Como quem passa sempre no mesmo lugar Como o tempo escrevendo sulcos no meu rosto Como a luz desenhando círculos de cor Entre as nuvens que sobram da linha do sol posto ♪ Como o vento agitando a rama dos pinhais Como uma sombra cobrindo parte do meu corpo Como um som lembrado algum tempo depois São as coisas simples que me dão mais gosto ♪ São as coisas simples que me dão mais gosto ♪ São as coisas simples que me dão mais gosto ♪ E depois de começar embarcamos na canção ♪ Sem pompas nem grandezas com o povo no coração P'ra isso serve a canção ♪ Navalha de corpo inteiro p'ra dar o golpe certeiro Em quem lhes nega a razão ♪ Acabar também é simples ♪ Mais simples do que começar Desenhamos um país com o máximo rigor Sem pessoas nem fronteiras E pomos-lhe lá dentro palavras certeiras ♪ É por aqui que se termina ♪ Pelas palavras simples
P'ra isso serve a canção ♪ Definindo a situação Cantando pessoas vivas ♪ Cantando pessoas vivas ♪ Cantando pessoas vivas