Num saco de estopa com embira amarrado Eu tenho guardado, é a minha paixão Uma bota velha, chapéu cor de ouro Bainha de couro e o velho facão Tem um par de esporas, um arreio e um laço Um punhal de aço e rabo de tatu Tenho uma guaiaca ainda perfeita Caprichada e feita só de couro cru ♪ Do lampião quebrado só resta o pavio Pra lembrar do frio, eu também guardei Um pelego branco que perdeu o pêlo Apesar do zelo com que eu cuidei Também um cachimbo de canudo longo Quantos pernilongos com ele espantei Um estribo esquerdo que eu guardei com jeito Porque o direito na cerca eu quebrei ♪ A nota fiscal, já toda amarela Da primeira sela que eu mesmo comprei Lá em Soledade, na Casa da Cinta Duzentos e trinta na hora eu paguei Também um recibo já todo amassado Primeiro ordenado que eu faturei É a minha traia num saco amarrado Num canto encostado que eu sempre guardei ♪ Pra mim representa um belo passado A lida de gado que eu sempre gostei Assim, enfrentando um trabalho duro Eu fiz o futuro sem violar a lei O saco é relíquia com meus apetrechos Não vendo e não deixo ninguém por mão Dos trancos da vida, aguentei o taco E o ouro do saco é a recordação