Aprendi tocar viola e não tive professor Fiz esse pagode novo só pra mostrar meu valor E dizer algumas coisas que um dia alguém me contou É um ditado muito certo, já dizia meu avô Na boca de quem não presta, o que é bom não tem valor ♪ Sou uma cabocla do mato, canto com os passarinhos Com Deus e a viola no braço eu nunca estou sozinha No jardim que eu cultivo, roseira não dá espinho Pra uma ave abandonada, oito garrancho é um ninho Pra quem já está perdido, qualquer vereda é caminho ♪ Água bate em pedra dura que fura e não amolece A lavoura que eu planto, mesmo que não chove, cresce Sei que quem bate não lembra, quem apanha não esquece Desprezo de um falso amor meu coração não padece Terreiro que o galo canta, a galinhada obedece ♪ Na entrada do portão, tapete vira capacho Na cordilheira dos Andes bananeira não dá em cacho No ponteio da viola meus dedos correm no aço No batidão do pagode tudo o que eu procuro, eu acho Dou a viola de presente pra quem fizer o que eu faço