Retrato meio azulado De noite longa, cacimba no ar Trapiche estendido no rio Ao afago lunar Fervendo num cheiro marino Tainha da guarda pra gente jantar Esconjura magia certeira Pra me enfeitiçar Então era sol e água do mar Bem na medida pra eu me afogar Era o inverno que o vento sul anuncia chegar Era forró, era Ijexá Bem no compasso pra gente embolar Era estrada, rumo incerto pra eu caminhar ♪ Torpor e desembaraço E um vinho barato que é bom de beber Dois corpos trançados na rede ao amanhecer Silêncio, olho mareja Eu viro de lado pra ela não ver Desgraço toda despedida ao acontecer Então era sol e água do mar Bem na medida pra eu me afogar Era o inverno que vento o sul anuncia chegar Era forró, era Ijexá Bem no compasso pra gente embolar Era estrada, rumo incerto pra eu caminhar Do jeito que veio ela se enveredou Partindo sem saber se ia voltar Em algum cais de Cartagena Quem eu gosto aportou No mar do Caribe fez seu lar Eu compus um relicário Que confessa toda dor Da gente só se ver quando lembrar Então virei poeta, entortando todo amor Que a vida me insistia apresentar E o inverno sempre teima em voltar Então era sol e água do mar