Tá certo, eu dispenso E renego o baralho Te compro um vestido E um rádio de pilha Te beijo na boca Depois do trabalho Semana que vem Levo ao circo tua filha E peço ao patrão Um aumento que é justo Na repartição Já sou mais do que antigo Na feira que vem Não reclamo do custo Podendo não penso E pensando não digo Esqueço o meu sonho E não jogo no bicho E em vez do Maraca No fim de semana Te ajudo a tirar Do quintal todo o lixo E à noite eu te levo Num filme bacana E finjo que esqueço O aluguel atrasado E finjo que adoro Quem vem me cobrar Pra morar nessa coisa Eu devia ser pago E a goteira pingando No lar, doce lar Tá certo, eu não brinco E não bebo cachaça E te trago, mulher A TV colorida Antônio Fagundes Sem cor não tem graça E só vendo novela Tu esquece essa vida