Nesse momento de gritante retrocesso De um temerário e incompetente mau congresso Em que poderes ainda mais podres que antes Põem em liquidação direitos importantes Eu quero diante desses homens tão obscenos Poder gritar de coração e peito plenos Não quero mais nenhum direito a menos Não quero mais nenhum direito a menos Nesse país em que se vende por ganância Direito à vida, à juventude, e à infância Direito à terra, ao aborto e à floresta À liberdade, ao protesto, ao que nos resta Eu grito: Fora! Esses homens tão pequenos De interesses grandes como seus terrenos Não quero mais nenhum direito a menos Não quero mais nenhum direito a menos Nessa nação onde se mata e trata mal Mulher e pobre, preto e jovem, índio e tal Onde nem lésbica, nem gay, nem bi, nem trans São plenamente cidadãos e cidadãs Não quero mais cantar meus versos mais amenos A menos que antes seus direitos sejam plenos Não quero mais nenhum direito a menos Não quero mais nenhum direito a menos Nesse Brasil da injustiça social E de uma tal desigualdade social Queria ver os grandes lucros divididos E os dividendos afinal distribuídos Os bilionários concordando com tais planos Se revelando seres realmente humanos Não quero mais nenhum direito a menos Não quero mais nenhum direito a menos Nesse momento de tão pouca luz à vista E tanto ataque ao que é direito e é conquista Eu canto tanto a desistência, o desencanto Mas canto a luta, a resistência, tanto quanto E quanto àqueles que ainda pensam que detém-nos Eu canto e grito a pulmões e peito plenos Que não quero mais nenhum direito a menos Não quero mais nenhum direito a menos Nenhum direito a menos Nenhum direito a menos Nenhum direito a menos