Chora viola Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino De longe eu avistava a figura de um menino Que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo Quando a boiada passava e a poeira ia baixando Eu jogava uma moeda e ele saía pulando: Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando Pr'aquele sertão afora meu berrante ia tocando Eu quero que risque o meu nome da sua agenda Esqueça o meu telefone, não me ligue mais Porque já estou cansado de ser o remédio Pra curar o seu tédio quando seus amores não lhe satisfaz Que que é isso, hein turma? 'Simbora! Cansei de ser o seu palhaço, fazer o que sempre quis Cansei de curar sua fossa quando você não se sentia feliz Por isso é que decidi o meu telefone cortar Você vai discar várias vezes, telefone mudo não pode chamar Você me pede na carta que eu desapareça Que eu nunca mais te procure, pra sempre te esqueça Posso fazer sua vontade atender seu pedido Mas esquecer é bobagem, é tempo perdido Ainda ontem chorei de saudade (que beleza, turma) Relendo a carta, sentindo o perfume Mas que fazer com essa dor que me invade? Mato esse amor ou me mata o ciúme De que me adianta viver na cidade Se a felicidade não me acompanhar? Adeus Paulistinha do meu coração Lá pro meu sertão eu quero voltar E ver as madrugadas, quando a passarada Fazendo alvorada, começa a cantar Com satisfação, arreia o burrão Cortando o estradão, saio a galopar E vou escutando o gado berrando Sabiá cantando no jequitibá Pra minha mãezinha já telegrafei Que me já me cansei Cês cantam bonito demais da conta, que isso! De tanto sofrer Essa madrugada estarei de partida Pra terra querida que me viu nascer Já ouço sonhando o galo cantando O inhambu piando ao escurecer A lua prateada clareando as estradas A relva molhada, desde o anoitecer Eu preciso ir pra perto dali Foi lá que nasci e lá quero morrer