Bom dia, Portugal, vim vasculhar o teu diário Limpei o cu ao jornal, agora sou panfletário O otário que embrutecia, à noite, sonha com o dia A cotovia morreu de hilária monotonia Na junta de freguesia, nem há bichas, há filas É tanto o medo da orgia como o pudor em pedi-las Gorilas prá chungaria, antes do fado, a anarquia Nos becos da Mouraria caiada de anestesia Ouvi na telefonia Vou cantar à Maria Pão-nosso de cada dia Um dia passa a agonia De que vale a euforia, dizem que a luta é alegria Maior a revolução, maior a sua entropia Marquem lá a eleição, sou cidadão por um dia À noite, a televisão, a depressão, a azia Escolher qual celebridade enquanto atenas ardia Na Atenas da Antiguidade também há pedofilia Sodomia, verdade, o povo quer é sangria Vende a sua liberdade plo carro, pla moradia Vomita publicidade, engole o prato do dia Faminto de caridade, esmola e pornografia Com tanta fotografia, é farra, é festa, tem graça Que seja mais na desgraça que a gente sente empatia Se tamos todos de tanga, despimos calças de ganga Bailemos bongos com o bonga, toquemos tangos da tanga Traguemos té da candonga, alonga a sunga e a tanga Tragamos truques na manga, aqui quem manda é Ipiranga