Ah, perdido longe eu co e me permito delirar Se junto da soleira surge a dona Dagmar Pernas semi despidas e compridas como o muro de seu quarto de dormir Se Deus me permitisse eu outra vez subia ali De novo espiaria da janela a se despir No alto da imburana em frente a' cama Ver seu corpo entrar debaixo dos lenço'is E la' ficarmos juntos a so's Eu desejando tanto ser a brisa do mar Soprar sua cortina, pela fresta aberta entrar Por ventura dos caprichos do amor A na seda deu-lhe a forma peculiar Traçados de montanha, fruta do maracuja' Ah, mas quem sou eu enfim para provar tão lindo amor Meu sonho mora em mim como o de todo sonhador Grudado na lembrança e na casca da imburana a matriz da perfeição A dona com insônia, vindo a' fresta, me enxergar E sem ter companhia, me pedir pra lhe ninar Doar-me seu carinho, Vem menino que esta noite e' todo seu meu coração E mesmo sendo alucinação Nas minhas mãos ficou aquele cheiro tão bom Na manga da camisa um riscado de batom Quase prestes a leva'-la pro altar Eu praguejei na hora em que a janela fechou De fora da cortina fiquei eu com a minha dor A dona noutro dia sem olhar por mim passou E eu qual passarinho fiz meu ninho em desamor...