Baião, meu baião perfeito Meu sentimento do mundo Cantando eu não me sujeito Eu peso mas não afundo Baião, meu baião perfeito Meu jeito de estar sozinho Eu sou feito um passarinho Num poleiro muito estreito Verso meu atravessado Solta no ar um trinado Meu cantar desempostado Faz mover a melodia E já não há noite nem dia É como correr parado Verso meu, verso pensado Sem tristeza ou alegria O verso é alegoria Grita o que eu tenho calado Entra sem ser convidado No terreiro da poesia E tira poeira do chão Quando soa assim bem alto Chega pra tomar de assalto O espaço em que não cabia É como um soco no rosto Desgosto na manhã fria E quando o verso está posto É que acabou a folia Baião, meu baião perfeito Meu sentimento do mundo Cantando eu não me sujeito Eu peso mas não afundo Baião, meu baião perfeito Meu jeito de estar sozinho Eu sou feito um passarinho Num poleiro muito estreito Verso, verso martelado Feito e refeito de novo Pra cada um verso novo Tem dez que morrem no ovo Cada um que vê o dia Deixa dez não terminados E os versos vêm carregados Só depois que deram cria Ao verso, ao próximo verso Reverso da calmaria Um verso vem com cuidado Outro eu mesmo não queria É como um soco no rosto Desgosto na manhã fria E quando o verso está posto É que acabou a folia Baião, meu baião perfeito Meu sentimento do mundo Cantando eu não me sujeito Eu peso mas não afundo Baião, meu baião perfeito Meu jeito de estar sozinho Eu sou feito um passarinho Num poleiro muito estreito Baião, meu baião perfeito Meu sentimento do mundo Cantando eu não me sujeito Eu peso mas não afundo Baião, meu baião perfeito Meu jeito de estar sozinho Eu sou feito um passarinho Num poleiro muito estreito Baião, meu baião perfeito (Meu baião perfeito) Baião, meu baião perfeito (Meu baião perfeito)