Sentar só e fumar Morar só e fugir Viver só e deitar Só quando a luz se levanta O olho pensa de tudo O cérebro descansa O rio se move apressado Há algo errado com o tempo Ficar só e falar Falar só e mentir Mentir e acreditar De tal maneira que espanta O céu vomita o futuro O corpo nau balança Os porcos pisam em tudo O coração em suspenso Eu vejo o fim do mundo Nos fundos do prédio Eu tenho os pés de chumbo Na esquina morna do tédio Eu mesmo me celebro Eu visto a fantasia Eu tenho os pés de barro Na igreja velha e vazia Viver só por viver Falar só pra dizer Comer pra não morrer Enquanto a nave se lança O olho quer conteúdo O cérebro se cansa O rio parou congelado Há algo errado com o dia Tremer só de lembrar Pisar só pra cair Cair pra levantar Só quando a noite é criança Chegar ao centro de tudo Onde nada balança O horizonte arrasado Há algo errado com a vida