Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
♪
Setúbal não é só choco, moscatel e praia
Deixem-me que vos conte outra realidade
Um estuário que em teoria é protegido
Mas na prática é uma área
Que fica à margem desse delineado
Estiva, Sapec, Setnave e Portucel
Quantas famílias vêm dos bairros operários
Aprenderam com os pais, filhos são prioridade
Mais tarde é que se aprende o que passaram na pele
Uma costela de Aveiro, Silves e Alentejo
Avó no quintal plantava comida pa' sete filhos
Eu venho das mulheres das fábricas da conserva
E dos naufrágios da pesca do meu avô Carriço
Nasci pequeno-burguês, privilegiado (privilegiado)
Mas só porque já comi à mesa com todas as classes
Achas que eu por ser média não sei o que é miséria?
Queremos todos o mesmo, vidas com dignidade
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Sou classe operária, poesia de ferro
Faço o meu trabalho, ando de cabeça erguida
Que a Dona Olinda não criou nenhum lambe-botas
Não preciso de mandar abaixo pa' me manter ao de cima
Ajudo quem precisa, não peço nada em troca
Se todos se ajudarem, também me custa menos
Andamos todos ao mesmo, disse-me a velha escola
Se a malta 'tiver unida, connosco ninguém goza
Metes a vida na mão de quem te aperta o arnês
Quanto mais forte o laço, mais força faz a corda
Uma família é uma equipa e vice versa, não vês?
Que entre nós há desabafos que aliviam as costas
Eu sei bem o que é que custa acordar
Pisgo pa' um buraco onde davas tudo pa' não 'tar
Depois de uma noite a sonhar que ainda 'tás a trabalhar
Companheiro, esta música é pa' ti! À nossa!
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Querem-me ver a passar uma vida inteira a trabalhar
A suar como um desgraçado, agarrado ao rodo e à pá (ah)
Chegar a casa cansado, mais pa' lá do que pa' cá
Todo apertado a ver um filme, apago já no sofá
(Não há) energia pa' mudar, a tendência é só repetir
Dedicar-me a alguma empresa que me vai substituir
Mal envelheça em demência, isto é, se chegar à reforma
Chama-se nó na garganta
(Porque há quem só folgue na corda)
Não admito que critiques o meu povo à minha frente
Porque eu vejo bem o que não se quer ver
Por trás de um brutamontes há um menino
Que foi obrigado a embrutecer
A gente aprende a prender o choro
Porque alguém tem de o fazer pa' isto se manter de pé
E o que é mais patético
É que à pala de quem se sacrifica
Quem critica passa a vida em fantasia
Porque num processo revolucionário a sério
Só morria se caísse este império
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Eu trago a camisa rota
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
E sangue de um camarada
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
♪
Setúbal não é só choco, moscatel e praia
Deixem-me que vos conte outra realidade
Um estuário que em teoria é protegido
Mas na prática é uma área
Que fica à margem desse delineado
Estiva, Sapec, Setnave e Portucel
Quantas famílias vêm dos bairros operários
Aprenderam com os pais, filhos são prioridade
Mais tarde é que se aprende o que passaram na pele
Uma costela de Aveiro, Silves e Alentejo
Avó no quintal plantava comida pa' sete filhos
Eu venho das mulheres das fábricas da conserva
E dos naufrágios da pesca do meu avô Carriço
Nasci pequeno-burguês, privilegiado (privilegiado)
Mas só porque já comi à mesa com todas as classes
Achas que eu por ser média não sei o que é miséria?
Queremos todos o mesmo, vidas com dignidade
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Sou classe operária, poesia de ferro
Faço o meu trabalho, ando de cabeça erguida
Que a Dona Olinda não criou nenhum lambe-botas
Não preciso de mandar abaixo pa' me manter ao de cima
Ajudo quem precisa, não peço nada em troca
Se todos se ajudarem, também me custa menos
Andamos todos ao mesmo, disse-me a velha escola
Se a malta 'tiver unida, connosco ninguém goza
Metes a vida na mão de quem te aperta o arnês
Quanto mais forte o laço, mais força faz a corda
Uma família é uma equipa e vice versa, não vês?
Que entre nós há desabafos que aliviam as costas
Eu sei bem o que é que custa acordar
Pisgo pa' um buraco onde davas tudo pa' não 'tar
Depois de uma noite a sonhar que ainda 'tás a trabalhar
Companheiro, esta música é pa' ti! À nossa!
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Querem-me ver a passar uma vida inteira a trabalhar
A suar como um desgraçado, agarrado ao rodo e à pá (ah)
Chegar a casa cansado, mais pa' lá do que pa' cá
Todo apertado a ver um filme, apago já no sofá
(Não há) energia pa' mudar, a tendência é só repetir
Dedicar-me a alguma empresa que me vai substituir
Mal envelheça em demência, isto é, se chegar à reforma
Chama-se nó na garganta
(Porque há quem só folgue na corda)
Não admito que critiques o meu povo à minha frente
Porque eu vejo bem o que não se quer ver
Por trás de um brutamontes há um menino
Que foi obrigado a embrutecer
A gente aprende a prender o choro
Porque alguém tem de o fazer pa' isto se manter de pé
E o que é mais patético
É que à pala de quem se sacrifica
Quem critica passa a vida em fantasia
Porque num processo revolucionário a sério
Só morria se caísse este império
Trago a cabeça aberta
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
Que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Eu trago a camisa rota
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
E sangue de um camarada
Vê lá, vê lá companheiro, vê lá!
Vê lá como venho eu
Lai, lai-lai, lai-lai, lai-lá-rai
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