Venho da terra assombrada Do ventre da minha mãe. Não pretendo roubar nada Nem fazer mal a ninguém. Só quero o que me é devido Por me trazerem aqui. Que eu nem sequer fui ouvido No acto de que nasci. Trago boca pra comer E olhos pra desejar. Tenho pressa de viver Que a vida é água a correr. Tenho pressa de viver Que a vida é água a correr. Venho do fundo do tempo Não tenho tempo a perder. Minha barca aparelhada Solta o pano rumo ao Norte. Meu desejo é passaporte Para a fronteira fechada. Não há ventos que não prestem Nem marés que não convenham. Nem forças que me molestem Correntes que me detenham. Quero eu e a natureza Que a natureza sou eu. E as forças da natureza Nunca ninguém as venceu. Com licença! Com licença! Que a barca se fez ao mar. Não há poder que me vença Mesmo morto hei-de passar. Não há poder que me vença Mesmo morto hei-de passar. Com licença! Com licença! Com rumo à estrela polar