Sou cunhã, sou cunhantã Filha da selva encantada Sou feliz, sou Jaçanã Pelo verde consagrada E a pluma do uirapuru Me destina a ser amada Meu corpo de moça nova Cunhantã quase cunhã Tem as curvas do meu rio O mureru mais macio E o barro das ribanceiras Banzeiro de água no cio Sou companheira do vento Cativo embalando sonhos Me faça redemoinho Na rede atada me ponho Em palmas verdes cantando Verdes cabelos danando Sou cunha, sou cunhantã Inajá roxo açaí Sou bacaba, tucumã Sou pupunha buriti Meu manã maniva brota Macacheira mandioca De manhãzinha na roça Amasso a massa seu meu mano Pão chibé nossa farinha Afasta a fome e seu flanco De tardinha planto flor Tomo meu banho de cheiro Mais só tem minha carícia Quem acha o verde que vive Nessa cuia abençoada Nesse peito cunhantã Meu segredo e meu poder Sagrado muiraquintã