Jovem que desenhas no quadro, rebelde sem pausa Contra as certezas do fato e as cercas ao lado Resenhas sem papo, o rombo do adeus dispensa o retrato A carne implora: que vença o pecado! E mesmo que tenhas tentado o peso das décadas E o erro das épocas traz o sopro do veneno das pétalas O mundo renasce em suas coxas e eu morri perto delas Inscrevo em seu seio mil futuros, eu pincelo a tela Em um desespero fúnebre gotejo triste assim Tocando em árvores antes que virem páginas narrando Um jardim sem samba como as cinzas do papa Tenho que te ver partir pra que das cinzas renasça Parindo meu beijo com uma boca que desdobra e parte Vendo o artista transformar-se em obra de arte Os olhos reluzindo a porta do Matrix Que nosso amor não seja escrito a ponta de lápis E o sexo entre o ventre e o fluxo Calando todos os anjos de pênis murcho E todos os discursos que cravam a rota Do oráculo, sem perceber que nunca houve fórmula ou cálculo O mistério do hoje molhado na fonte De Dionísio, numa corrente eterna sem fim ou início ou sentido Por isso essa dor gritante que não se cura na gente, Flores de Plástico que duram pra sempre