De repente Pega de surpresa Ela demora pra entender Mas entre estampidos, gritos, corpos, medos, é preciso se mexer Deita no asfalto E em sua cabeça passa a ver seus sonhos se perderem A mulher ao lado grita sem parar E o homem prestes a morrer Chora lamentando a Deus que ainda tem muito pra viver Quem tá de fora Já aprendeu a conviver sem se envolver com nada Cenas do cotidiano que eu não fiz por merecer Face de um mundo tão perdido Será que o filho do meu filho poderá nascer E viver em paz Enquanto isso em Brasília Nas benesses do poder Carros, grana, jóias, risos, todos sem querer saber Que morre nas ruas A esperança de se ter Um país melhor pra todos Cenas do cotidiano que eu não fiz por merecer Face de um mundo tão perdido Será que o filho do meu filho poderá nascer E viver em paz