Para quem se olha no espelho de um rio Na volta pras casas num final de lida Enxerga sua alma com olhos de espera Além de uma imagem no rio refletida A água não leva por mais que ela queira Os sonhos tão simples que espelham-se ali Mas leva pra sempre o que fora moço Nas tantas enchentes que faz por aqui Quebrou-se o espelho na sede do baio Desfez-se a paisagem costeira do rio Ficou refletida na água em remansos Saudades disformes do que antes se viu Descendo a corrente uma flor de aguapé Prendeu-se na argola da rédea caída Quem sabe até seja uma alma serena Querendo apegar-se de novo na vida Os olhos da gente se perdem na aguada Tentando enxergar pra além do chapéu No branco das nuvens um sonho distante Das almas perdidas que vagam no céu Apenas quem olha assim de olhos claros Buscando a si mesmo no calmo da aguada Verá com certeza além de uma imagem Sua alma de campo no rio espelhada!