Vou contar, vou contar Só não gosto de fuxico Mas do pobre para o rico Grande diferença há O rico quando se casa é o mesmo que estar no céu Se despede da família, da noiva ele tira o véu Viaja para os states passar a lua-de-mel E o pobre quando se casa é forró a noite inteira A cana fala no centro, tira-gosto é macaxeira E os dois só pensando de dormir numa esteira A feira do homem rico, de tudo não conto não É bacalhau, peixe e ovos, carne vem de caminhão Arroz, biscoito de trigo, feijoada e macarrão A feira do pobrezinho são dois quilos de farinha Duas bolsas de bolacha, metade de uma galinha Trezentas gramas de tripa e meio quilo de sardinha. O rico porque de tudo, não liga pra carestia Tem uma casa bonita, no portão tem um vigia Pra ele tá tudo bem, seja de noite ou de dia Pobre é um sofredor, todo dia tá naquela Na rua que ele mora, a lama dá na canela E o vigia do pobre é uma pobre cadela. O filho do rico quando chora, a mãe diz não chore não Vá pra sala meu benzinho, assistir televisão E mais tarde mamãe compra pra você um avião O filho do pobre quando chora, leva logo uma lapada A mãe começa a gritar: Cala a boca zé buchada Se você chorar de novo, dou-lhe outra cacetada. A filha do homem rico só anda toda grã-fina Faz curso pra engenheira, desiste e faz medicina Quando não se forma aqui, se forma na argentina A filha do pobrezinho só pensa em ser rezadeira Outras se perde novinha, dançando na gafieira E aquela mais sabida, trabalha de piniqueira. Sapato do homem rico você sabe como é É desse sapato bom que nunca cria chulé Passa dois dias na água, não molha o dedão do pé Sapato do pobrezinho, às vezes nem tem cadarço Tem dois palmos de altura, desses cavalos de aço Cada passada que dá, da sola larga um pedaço. Olha aí rapaziada, isso é apenas uma brincadeira de sandro becker Mas eu vou rezar pra que neste país Um dia não existam mais nem muitos pobres E nem poucos ricos, aí sim vai ser muito massa...