Sentou no ruge, rasgou Costurou, nem se molhou, fitou Só de lado observando Ficou por horas e horas Mergulhou Num pulo sumiu Pro espanto de quem viu Surgiu bufando pela boca Mais bonito que rancor A verdade de uma dor Os corpos falam Brisa na horizontal Sombras que abalam Fico aqui no meu cantinho Observando o assunto O balanço das folhas A natureza é assim Farejou, lambeu a pedra O cheiro do ladrão, correu por terra Com o rabo entre as pernas Marejou o brilho no olho dela A pólvora pipoca a luz No chão, de um lado pro outro Sermão do cão O pano molhado na mão Subiu, da testa o sal na boca Do outro lado nasce hoje Não adianta já é manhã Baixando a poeira, a mangueira É preciso varrer, não desisti não Só tô dando um tempo Bateu no acalento Faz fila no caminho Choveu levou vento Malhou o pano com o pau Correu sem olhar pro chão Foi presa não fácil A hora chega enfim Da alma pelo pescoço Se debateu, tentou fugir Seu giro mortal, faltou ar Não adiantou Afogado nas bolhas A natureza é assim