Talvez de razão perdida Quis fazer leilão da vida Disse ao leiloeiro: Venda ao desbarato! Venda o lote inteiro Que de mim estou farto. Meu versos que não são versos Atirei ao chão dispersos Ao ver se algum dia O mundo pateta, Por analogia diz que sou poeta Fiz leilão de mim E fui por fim apregoado Mas de mau que sou Ninguém gritou "Arrematado!" Fiz leilão de mim Tinhas razão minha almofada Com lances a esmo Provei a mim mesmo Que não valho mais que nada Também quis vender meu fado Meu modo de ser errado Leiloei ternura Chamaram-me louco Mostrei a amargura E o mundo fez pouco Depois leiloei carinho E em praça fiquei sozinho Diz me a pouca sorte Que para castigo Até vir a morte vou ficar comigo Fiz leilão de mim Tinhas razão minha almofada Com lances a esmo Provei a mim mesmo Que não valho mais que nada