O que é que pode fazer um homem comum Neste presente instante Senão sangrar, tentar inaugurar A vida comovida inteiramente livre e triunfante? O que é que eu posso fazer Com a minha juventude Quando a máxima saúde, hoje É pretender usar a voz? O que é que eu posso fazer Um simples cantador das coisas do porão? Deus fez os cães da rua pra morder vocês Que sob a luz da lua Os tratam como gente, é claro, aos pontapés Era uma vez um homem e o seu tempo Botas de sangue nas roupas de Lorca Olho de frente a cara do presente E sei que vou ouvir a mesma história porca Não há motivo para festa, ora essa Eu não sei rir à toa! Fique você com a mente positiva Que eu quero é voz ativa, ela é que é uma boa Pois sou uma pessoa, esta é minha canoa, eu nela embarco Eu sou pessoa, a palavra pessoa, hoje não soa bem Pouco me importa Não, você não me impediu de ser feliz Nunca jamais bateu a porta em meu nariz Ninguém é gente, nordeste é uma ficção Nordeste nunca houve Não, eu não sou do lugar dos esquecidos Não sou da nação dos condenados Não sou do sertão dos ofendidos Você sabe bem, conheço o meu lugar Conheço o meu lugar Conheço o meu lugar Conheço o meu lugar