Palavras que rasgam o ar como um soco, agressão incolor em noites frias Onde os gritos já não fazem mais sentido E o armado se torna o que é mais forte E não são essas cores que eu pintei Não são as ruas em que caminhei Estas não são as minhas palavras E nem sequer a minha voz Estes não são os olhos Com os quais enxerguei São apenas fragmentos Das noites em claro Aonde quer que você vá Algo impede E o verbo que discorre Entre linhas que entranham O chão virgem Aonde quer que você vá Algo impede E a verdade é engolida Pelo mais triste clamor Aonde quer que você vá Algo impede Do ódio e da dor que esfria A cidade que já ardeu em chamas Súplicas por dias melhores Instantes voláteis de puro rancor Mutável período de puro prazer Através das pedras que calejam meus pés Eu aprendo o que falar e onde pisar Para não acabar com sonhos Para não mudar o curso em que tudo acontece