Tombamos a terra pra fazer a roça O rancho, a palhoça erguemos por lá Depois de algum tempo um golpe doído Meu velho querido, Deus veio buscar Destino afiado, machado cortante Bateu no gigante jogando pro chão Bateu bem no cerne por baixo da casca Tirando uma lasca do meu coração ♪ Ficaram suas marcas no esteio do rancho Na viga, no gancho, no teto e no chão A vara de pesca em cima amarrada No canto a enxada, machado, enxadão Tem marcas de enxó na velha porteira No coxo e cocheira no pé do mourão Quis fazer a peça que não ficou pronta Só fez uma ponta da mão de pilão ♪ As marcas de fato estão lá na roça Com suas mãos grossas deu duro e lutou E cada mourão que cerca a divisa Dizer nem precisa quem foi que fincou E lá na tirada rasgada do solo O velho monjolo foi ele quem pôs Até o espantalho vermelho e rasgado Deixou lá fincado na roça de arroz ♪ E hoje correndo a divisa da idade Me bate a saudade onde nós morava Ainda estou sentindo o gostoso cheiro Daquele paieiro que o velho pitava Naquela fumaça subindo do pito Seu rosto bonito pra mim não morreu No céu eu revejo a linda figura Na terra a moldura do velho sou eu