Deito-me à noite num xaile Escondi-me nele, também Andam as sombras num baile Onde não dança ninguém E no teu quarto fechado Pecado sem pecador Colhi um resto de fado Que me perecia uma flor Um fado p'ra dois P'ra mim e p'ra ti, começa No dia perdido que à noite regressa Sabemos os dois que o fado depois não vai durar Melhor é fingir, deixá-lo partir sem o cantar Um fado p'ra dois Poeira do meu caminho Sem mim se sem ti fico pr'ali sozinho Mordem a pele dos teus braços Meus olhos negros, sombrios As aves sabem dos espaços Os barcos sabem dos rios Onde os meus olhos não moram Sei que há estrelas a luzir Sóis que os teus olhos devoram Numa emoção de existir