Fazem três da manhã e tu sentado na mesma cadeira Encostado no mesmo balcão a pedir a mesma bagaceira Farto de carregar os problemas que levaste uma vida inteira A afoga-los num copo balão e acordar com eles na cabeceira E nada seria tão certo se vivesses de uma certa maneira Esta foi a tua escolha, mas largar-te foi a escolha da tua parceira E quer queiras quer não, vais sentir o mundo a beira de um alçapão Sentir a canseira da obrigação E para não chorar vais voltar a voar no teu copo balão ♪ E tu que até sempre levaste isto tudo numa brincadeira Agora vês te enojado, desprezado, afastado de tudo aquilo que te cheira A rua tornou-se o teu habitat, uma casa sem porta traseira Para ter, criar, plantar uma família não dá, para isso tiveste a primeira Criaste problemas que para o lema da vida Nunca foram sina, nunca foram metas ou algo parecido Não sei se é maldade mas cospes pro ar Sem pensar na gravidade nos dois sentidos E quantos em casa tão arrependidos, quantos na rua tão agradecidos Quantos para ter aquilo que quiseram se fizeram amigos La estás tu a ver chuva no telhado, cigarro acesso e o lábio a tremer Não fiques calado há muito pra dizer Mas tu não queres saber, e o teu balão a encher E o teu balão a encher Tenta esconder o orgulho e ganha a noção Porque até o ferro a chuva emperra, não é seres patrão É só não seres mais um balão Que sobe com medo da terra Sei que quem erra errou a tentar Sei que perdoar faz parte da lição Eu vou continuar praqui a falar E tu a voar no teu copo balão ♪ E la estás tu a ver chuva no telhado Cigarro acesso e o lábio a tremer Não fiques calado há muito pra dizer Mas tu não queres saber, e o teu balão a encher E o teu balão a encher E la estás tu a ver chuva no telhado Cigarro acesso e o lábio a tremer Não fiques calado há muito pra dizer Mas tu não queres saber, e o teu balão a encher E o teu balão a encher