É à beira da ribeira Que Lisboa abre os olhos Quando acorda de manhã A cabeça da peixeira Há fruta de mar aos molhos Que põe mais sal na manhã É à beira da ribeira Que os marujos vão curtir Os restos da bebedeira Que apanharam a sorrir É à beira da ribeira Que acorda a cidade inteira Que apregoa a vendedeira Que a gente gosta de ouvir Este tango ribeirinho Sabe a Tejo e sabe a vinho Este tango da cidade Tem navalhas de saudade Tem punhais de solidão A doer devagarinho Dentro do meu coração Este tango ribeirinho Tem fragatas de carinho Tem andorinhas nas telhas E cravos de pôr na orelha Sardinheiras encarnadas Junto às toalhas de linho Penduradas nas sacadas Este tango ribeirinho É à beira da ribeira Que há canalhas e há malandros E mulheres de meia porta Mas à beira da ribeira Há cabazes de morangos Que ainda nos sabem a horta É à beira da ribeira Que vais esperar o estivador Uma manhã toda inteira Que lhe compra em suor É à beira da ribeira Que um ramo de erva cidreira Traz a ternura que cheira A Lisboa, meu amor Este tango ribeirinho Sabe a Tejo e sabe a vinho Este tango da cidade Tem navalhas de saudade Tem punhais de solidão A doer devagarinho Dentro do meu coração Este tango ribeirinho Tem fragatas de carinho Tem andorinhas nas telhas E cravos de pôr na orelha Sardinheiras encarnadas Junto às toalhas de linho Penduradas nas sacadas Este tango ribeirinho Oh-oh-ré