Não me negue um carinho, pequenina Só teu toque alivia o meu desgosto Ponha rendas de neve no meu rosto Deixe a névoa cobrir minha retina Nosso amor sonolento não termina Quanto mais acossado, mais respira Desamarre as cortinas, traga a lira Me acalente, me acalme, não se importe Ronca o céu, treme a terra, abala o norte Se esparrama uma sombra sobre o sul São o sonho e a noite, irmãos da morte Só sobrou nós dois num manto azul ♪ Se resguarde dormindo nos meus braços Dance livre de véus em minhas veias Deixe o vento levar com as areias Minhas contas de dores, meus cansaços Não pretendo juntar os meus pedaços Só queria esquecer a voz da fera Para que cicatriz se a carne espera Sob o vão da ferida, mais um corte? Ronca o céu, treme a terra, abala o norte Se esparrama uma sombra sobre o sul São o sonho e a noite, irmãos da morte Só sobrou nós dois num manto azul ♪ Rasga, Felipe ♪ Ronca o céu, treme a terra, abala o norte São o sonho e a noite, irmãos da morte Ronca o céu, treme a terra, abala o norte São o sonho e a noite, irmãos da morte Pra escrever pelos muros, nos escombros Já não lembro um só verso dos poetas Nem recordo das frases dos profetas Que acenderam o calor dos desassombros Sem as armas pesando nos meus ombros As razões de morrer, pra trás ficaram E aprendi dos amigos que tombaram Só importa a certeza, o resto é sorte Ronca o céu, treme a terra, abala o norte Se esparrama uma sombra sobre o sul São o sonho e a noite, irmãos da morte Só sobrou nós dois num manto azul Num manto azul Num manto azul Num manto azul Num manto ♪ Siba! Felipe!