Mais uma tijolada! Crônicas da Cidade Cinza! Rá, demorô'! Vai, vai, ram... O meu pai me ensinou muito bem Aprendi, estudei, trabalhei eu progredi Uma grana guardei minha casa comprei Arrumei uma esposa e segui O meu filho nasceu, trabalhei muito mais Minha esposa também foi trabalhar Quero mais dinheiro pra viver Pois tenho muitas contas pra pagar Quanto mais eu ganho mais eu gasto Me desgasto pra poder fazer a minha família viver bem Antes eu queria as de cinquenta Hoje eu corro muito mais pra conseguir juntar notas de cem E eu não consigo juntar Cartão o limite estourou A grana que eu quero guardar O banco me surrupiou! Ráa Mas eu preciso de dinheiro pra viver Sem dinheiro já nem sei quem sou Fiz uma hipoteca levantei merreca Mas a grana seca, já fiquei careca, me descabelei O sol que eu confiro, e já não respiro, capital de giro Tem algum vampiro sugando o que eu sei Já pensei em ser autônomo Ter um trono tru Ser o dono do meu próprio negócio Disseram que o trabalho faz enobrecer Trabalho mais que o meu patrão e nem sou sócio Consulto os zodíacos Olho para a página do horóscopo Não vejo um final paradisíaco Minha sorte diz que o trabalho faz feliz Estou a beira de um ataque cardíaco Preso nessa imensa armadilha Eu e a minha família Meu vizinho segue a mesma trilha Trabalhar enriquecer Trabalhar e ter lazer Esse ensinamento não se encontra na cartilha Vivo pagando parcelas não sobram quirelas no fim do mês Afogo frustrações com uísque escocês Mas esse uísque foi meu primo que presenteou Pois, grana pro regalo não sobrou Eletrodomésticos, passeios turísticos Carros fantásticos, estilo nada rústico Mas tudo isso tá na mão do meu patrão Quero saber porque ele tem e eu não ♪ Imagine uma gaiola Onde o rato corre dentro dela Ele corre até se cansar E nunca chega lá em lugar nenhum São bichinhos correndo em direção ao abismo Estão todos correndo juntos Em busca de capital Essa é a corrida dos ratos Você se enquadra nela... ou não?