Dentro dos olhos Vidrados no céu A noite não perdoava As tempestades Retrocedendo Limpavam meu coração Nuvens deixavam meu corpo Dançando em volta Do mesmo calor Que o chão guardava do sol Que os pés jogavam no ar Todas as tardes As ruas inventam Doenças para curar Os urubus Vestem ternos de fibras E corpos para fingir Que a solução pra essa dor É mentir É lesar E depois se esconder Eu sinto falta de mim Quando ninguém aparece e explode Silmar Saraiva tentou ser um santo Depois de se machucar O povo gosta de rir O povo quer brincar O povo quer carnaval Quer um dia tranquilo E morrer em paz A parabólica bebe do espaço Todo veneno feliz Enquanto as máquinas Gemem de amor Outra mulher Se despede do tempo # Instrumental Dentro dos olhos vidrados no céu A noite não terminava Nas casas frias Longe de mim Outra canção insistia Que o corpo fosse Um largo sem fim Sonhando ser Outra vez uma cidade Repleto de rio e flor Portas abertas enfim Cada pedaço espalhado germina Com medo de se perguntar Ontem foi água Depois tem fogo É tão difícil saber Dentro dos olhos vidrados no céu A noite só respondia em silêncio Quem viu a cor do jardim? Quem trouxe o som dos canhões? Quem levantou as crianças das pedras? Quem conseguiu escapar?