Se eu penso muito enlouqueço, e eu penso Eu tenho andado a sentir tudo tão intenso Como o céu da zona a que eu pertenço Cinzento e denso Se não querem saber Então não perguntem como é que eu 'tou Tenho andado a viver Sem saber bem para onde é que eu vou Nem tudo dá para entender Num mundo tão louco assim Tão louco assim, tão louco assim Se não querem saber Então não perguntem como é que eu 'tou Tenho andado a viver Sem saber bem para onde é que eu vou Nem tudo dá para entender Num mundo tão louco assim Ah, não, não, não... Só loucos perdidos na terra do nunca A fazer a cabeça para matar o tempo Mantendo, à espera do dia da nossa sentença Sem saber o que há pela frente É raro haver algo diferente Porque os dias tão todos iguais Por isso eu 'tou a tentar agarrar a mente Arranjar maneira de não sofrer mais Mas às vezes é tão complicado Acho que ninguém compreende o meu sofrimento Eu sinto-me só rodeado de gente Tão vazio por dentro 'Tou a passar mal com coisas Que somente se passam aqui no meu pensamento Às vezes preferia nunca 'tar ciente Não sei como aguento Será que nascer foi sorte ou azar? Viver com a noção de que um dia vou bazar É que eu 'tou a queimar o tempo a vaguear Até saber gozar e viver como um czar Mas apesar de abusar daquilo que me mata E de não saber do que a vida se trata Eu quero ser feliz... Embora isso seja uma cena abstrata Rugas no rosto de quem eu gosto Deixam-me triste mas eu não mostro Às vezes é preferível chorar para dentro Outras naquilo que eu escrevo e posto 'Tou a contar as folhas do meu trevo E a rezar para que o amanhã seja brando Para parar de pensar em coisas que não devo E parar de passar essas noites em branco Se não querem saber Então não perguntem como é que eu 'tou Tenho andado a viver Sem saber bem para onde é que eu vou Nem tudo dá para entender Num mundo tão louco assim Tão louco assim, tão louco assim Se não querem saber Então não perguntem como é que eu 'tou Tenho andado a viver Sem saber bem para onde é que eu vou Nem tudo dá para entender Num mundo tão louco assim Ah, não, não, não... ♪ A minha avó era ganda gata Ela tinha atitude e uma data de homens atrás Farta de ter tudo por si numa altura Em que não viam a mulher capaz Mas hoje é preciso ter encaixe Não dá para explicar a espécie que me faz Ver que o Alzheimer a mata Quando era suposto ter um pouco de sossego e paz Então é por isso mesmo que hoje um gajo Relativiza a puta da nossa existência Analisa em silêncio E já não dramatiza com a mesma frequência É quando tu aceitas que a vida é incerta E depois te mentalizas da sua urgência Que vês que banalizas o amor E só dás valor quando sentes a ausência É triste mas não se pode 'tar sempre na mó de cima Expectativa assassina A cena é lidar com essa sina Enquanto o final se aproxima 'Tou a tentar pensar clean E libertar todas as minhas toxinas Usar a razão enquanto a minha cabeça não para de fazer piscinas Mas nem sempre é fácil procurar o certo à medida que erramos Encontrar afecto a viver assim desta maneira infame Se eu penso muito, enlouqueço E tem vezes duvido que eu próprio me ame Porque ando a meter os dedos na minha própria ferida À espera do dia que inflame A vida é difícil