Desmato o centeio O caminho se clareia e se mostra sob as luzes da centelha O rosto na ribalta com resíduos de épocas passadas Teias de aranhas, poeiras, estandartes jogados às traças Memórias, lugares que passei sem querer visitar Por onde meus instintos decidiram guiar Gosto quando desapego como cartas que deixo para o vento Garrafas, quadros, retratos no meu quarto Meus textos se personificam e bailam Me chamam pra levantar e sair mas estou a dormir Cansado de ver, ouvir, resistir ao tempo ♪ Emergente como o susto no pássaro no beiral da janela Exausto, sem saber como fugir Confesso que as vezes me sinto Como um peixe que habita a mais profunda fenda no oceano Crepúsculo que é plano pra naufrágios Voluptuoso e solitário Derrubo coisas quando acordo procurando meus calçados Encharcado de suor de sonho louco Acho que vejo o miasma pelo cômodo Estão podres as daninhas e o mofo Pútrido, se faz adubo pra que nasça novos rumos Pisei descalço e vi que o chão estava úmido As vezes sinto que é meu último dia nessa guerrilha E acendo um cigarro de camomila Vou pra orla na debria só pra ver minha subida refletida no espelho d'água