Um cavalheiro casado Foi ao baile destrajado A dança foi ao camarim Com um anjo a uma estrela Sem a conhecer porque ela Não tirou o mascarim A sausela consentia Tudo o que ele lhe fazia Mas com esta condição Que se entregar-se ser sua Despir-se até ficar nua Mas mostrar o rosto não, mas mostrar o rosto não Porque as penas dos poetas já se cansam de pintar Choros de alguém que sofre por amar Guerreiros lançam setas sem saber quem vão matar Mulheres não estão bem sem saber quem vão casar E enquanto ele a abraçava E cego de amor beijava Esse corpo escultural Ela aproveita a cegueira Para lhe roubar a carteira Mas ele não deu por tal Mais tarde a cena acabou-se Ela vestiu-se raspou-se E ele muito atrapalhado Vem cá fora diz na sala Com certo tremor na fala Meus senhores estou roubado, meus senhores estou roubado Não sabe quem o roubou Foi muito o que o levou Perguntam todos com espanto Foram dez contos de reis Além disso alguns papeis Que valem mais de outro tanto Vai para casa a fugir Encontra a mulher a rir Com a carteira na mão Que se abraça a ele e diz Toma lá meu aprendiz Foi uma bela lição, foi uma bela lição