Um tiro a queima roupa E ele desapareceu No meio de uma multidão Ninguém nem percebeu Era verão de 88 Ele queria estar ali Janelas e cortiços Em andares infinitos Foi quando ele encontrou um velho amigo Que lhe perguntou Porque é que ele nunca envelheceu De dia meio um sol De noite a solidão Era festa, não tristeza Nada pra se abrir mão Lembrou de uma garota Que lhe deu seu coração Não esqueceu que também o partiu Em pedaços pelo chão E condenava enquanto vivo O tanto que eles dois ainda teriam que sofrer Antes de ser mordido costumava não ligar muito Pro quanto ia viver Foi quando ele voltou Pra onde ele morreu Encontrou ela mais velha Muitos fios brancos nos cabelos Então ela lhe disse que ainda lhe tinha muito amor Ele estufou o peito Fitou seus olhos e esbravejou: "Você me deu chance de mais Para provar que a gente nunca existiu" E ela gritou: "Você nunca foi homem mesmo Você nunca passou de um vampiro"