Raminhos de violeta Avental de seda preta Numa esquina da cidade Lá está vendendo a quem passa Com um ar de sua graça A Maria da Saudade Vai sorrindo displicente A quase toda a gente Que lhe compra os seus raminhos E às damas mais forretas Que desdenham com caretas Tira-lhe 5 tostõezinhos É juvenil, a Maria da Saudade Tão à vontade, sempre a mesma a qualquer hora Nesta Lisboa que a viu nascer e crescer à luz do sol Da freguesia de São Vicente de Fora Jamais usou chinelinhas Ou qualquer dessas coisinhas Que vestem as da Ribeira Não vive de tradições Ultrapassou os pregões Faz tudo à sua maneira P'ra vender as violetas E agradar aos lisboetas O avental é detalhe Mas o bom é ir ao bote E mesmo que alguém a tope Quem quiser malhar que malhe