O Rio não é um Rio só, é de montão, ó Tem um de areia, outro de pó, barro e lixão É uma sopa de entulho de dendê, jiló, sarrabulho com pavê Um cipó só de nó, de cabo a rabo Que zomba de quem quer desfazer É feio e lindo desde o dia em que nasceu Num parto feito a revelia, igual ao meu O Rio não é um Rio só, nunca foi não, não Duvido que alguém saiba de cor quantos que são A cidade é comum pra cada um, lado a lado, mas sem se misturar Que se põe de joelho no seu canto pro santo que é do seu lugar Ave Rio Allahu Akbar Hare Krishna Aleluia Namastê Shalom Rio Saravá O Rio é de cocorocó, de galo virtual E de bendenguê num catimbó e de underground Mora em casas de ripas de caixote Em terraços que ficam rente ao céu Cada boca que cuide do seu mote senão vira Torre de Babel Foi cego por Santa Luzia mas sem olhar Encara até cavalaria e leva e dá O Rio foi afilhado mór de São Sebatião Será que não tinha outro melhor pra sagração Esse reino de feudos cariocas sem muros, não tem por quê murar O limite sutil da pororoca é o momento em que o rio encontra o mar Ave Rio Allahu Akbar Hare Krishna Aleluia Namastê Shalom Rio Saravá Ave Rio Allahu Akbar Hare Krishna Aleluia Namastê Shalom Rio Saravá Saravá Saravá Saravá